terça-feira, 27 de novembro de 2007

Trabalho de Oficina de Leitura

Esse texto produzi para um exercício sobre o livro de Marx “O Capital”. Como a dança, principalmente a contemporânea, pode ser um reflexo da sociedade, para pensar em dança é preciso pensar, antes, na nossa sociedade.

Oficina de Leitura III
Jornalismo 3º semestre
Junho de 2008

À luz de Marx, vimos que o processo de produção capitalista é uma fase histórica do processo de produção em geral. Portanto, não é uma fase natural, por passar por mudanças e ser temporal.
O capitalismo se sustenta através da relação de compra e venda entre trabalhadores e capitalistas. Esse processo produz e se reproduz, pois além do resultado da produção, ao final d ciclo ele alcança a situação de onde partiu, dessa forma, se reproduzindo.
Essa reprodução se dá pela dependência existente entre a força de trabalho e os meios de produção. Como, tanto do início como ao fim do processo, há necessidade de compra e venda da força de trabalho, o capitalismo não pode se consumar na ausência de uma dessas partes.
Dessa lógica provém a idéia de “mais-valia”. Essa é a forma específica que assume a exploração sobre o capitalismo. O produto da mais-valia é o valor gerado pelo trabalhador que é apropriado pelo burguês; portanto, qualquer trabalho ou produto por ele gerado que exceda as expectativas é encaminhado para o patrão.
Portanto, a idéia de mais-valia é um contrato aparentemente livre e igual, que remunera o trabalhador segundo seu valor. Na verdade, esse contrato, se assim deve ser chamado, paga ao trabalhador “x” reais, esse trabalhador, então, deve pagar um valor “y” ao capitalista, através da sua mão-de-obra. Mas, quando esse trabalhador efetiva a produção acaba por produzir bem mais do que o valor “y”.
Com isso, o capitalismo ao longo do tempo descobre que aumentando a jornada de trabalho, aumenta-se também a mais-valia. Se, a princípio, a jornada de trabalho consistia em 12 horas, sendo que 10 horas correspondiam ao salário e as outras duas horas consistiam na mais-valia, pode-se transformar a jornada de trabalho em uma carga de 14 horas, onde as 10 horas continuam sendo suficientes para pagar o salário e obtém-se agora 4 horas de mais-valia. Essa é a chamada mais-valia absoluta.
Marx transpassa ainda pelo raciocínio da mais-valia relativa, onde, mantendo-se a jornada de trabalho em 12 horas, é possível também aumentar a mais-valia. Nesse aspecto é preciso que o trabalhador produza a mesma coisa em menos tempo. Se antes eram necessárias 10 horas de trabalho para quitar o salário, agora 9 horas se tornam suficientes, resultando numa mais valia de 3 horas.
Isso só é possível quando modernizam-se os meios de produção – embora o capitalista ganhe menos em cada peça, acaba ganhando mais como um todo, porque assim o número de peças é maior.
Seguindo essa linha de raciocínio, o capitalismo vai diminuir cada vez mais o tempo de trabalho necessário, mantendo a jornada de trabalho. Com isso, o valor da mercadoria vai diminuindo gradativamente. É nesse ponto que se encontra a contradição do sistema capitalista. Já que o valor é medido pelo tempo de trabalho necessário empregado no produto; e esse tempo é diminuído cada vez mais, chega ao ponto que a mercadoria custa quase zero, o que significaria o fim do capitalismo.
No intuito de manter um preço abusivo sob a mercadoria, surgem os monopólios. Em sentido contrário a esse abuso surge a pirataria, que nada mais é do que a prova de que o produto tem um custo muito mais baixo do que é inserido no mercado.
Marx propõe que esse tempo de trabalho economizado no processo de produção se torne tempo livre. Porém, esse tempo livre não é suficiente para emancipar o homem do capitalismo. Isso não basta para o fim da alienação, do fetichismo e da exploração; uma vez que o reino da liberdade só começa depois do reino da necessidade.
Mesmo que o proletário trabalhe visando apenas suprir as necessidades humanas, o trabalho sempre é uma necessidade, portanto acaba sendo uma obrigação. Pode-se dizer que esse é sempre uma imposição injusta porque o que o trabalhador produz nas dez horas correspondentes ao salário, na realidade não pertence ao trabalhador,de modo que ao final do “ciclo” ele tenha novamente que vender sua força de trabalho.
Essa reprodução do ciclo, já citada no início do texto, é o que determina o “salário mínimo”. Este, trata-se da quantia mínima necessária para garantir a sobrevivência do trabalhador. Dessa forma não há dinheiro excedente acumulado,de modo que, uma vez que esse salário mínimo seja alto, o trabalhador acumulará dinheiro esse tornará burguês. Logo, a partir do momento que não existe mais classe trabalhadora, excluí-se também a existência de mão-de-obra, significando assim o fim do capitalismo.
Pode-se dizer que a força de trabalho é a única mercadoria que produz mais valor do que contém. Nisso se expressa a desigualdade do sistema, constatada pela tentativa, já citada, de aumentar o lucro sem compartilhar o valor excedente com o trabalhador, concentrando o capital na mão dos burgueses.
Mesmo fora do capitalismo seria necessário um tipo de trabalho, que teria função de sobrevivência, através disso, se da a conclusão de que o trabalho não se trata de uma ação livre. Porém, o diferencial é que fora do capitalismo, o trabalhador teria um grau de escolha bem maior do que o existente dentro do sistema, no sentido de como trabalhar, o que produzir, quando produzir, e assim por diante.
Além do caráter abusivo, o capitalismo faz os indivíduos assumirem certas funções sociais, onde cada pessoa apresenta um valor correspondente ao papel econômico que desempenha, desprezado assim qualquer caráter interno, ou humano, por melhor dizer, que esse indivíduo possua.
Mesmo dentro desses aspectos, sociais e econômicos, o capitalismo está, segundo a visão do autor, legalmente legitimado, através dos contratos que se estabelecem nas relações.


Antéia Orteiro Pereira Pinto

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